segunda-feira, 14 de outubro de 2019

REANE lança o tema da Semana de Educação Alimentar (SEA) 2020

Em 2020 a Semana de Educação Alimentar (SEA) trabalhará com o tema “Escola sustentável: a alimentação escolar e a reduçāo dos impactos ambientais”.

* por Silvia Farias

Mas, o que é sustentabilidade?

Sustentabilidade é um termo amplo e complexo. Vem sendo usado por diferentes pessoas e em contextos diversos. Aplicado à alimentação e à nutrição, refere-se às práticas alimentares promotoras da saúde que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental, cultural, econômica e socialmente sustentáveis. Mas o que seria isso? O aspecto ambiental da sustentabilidade envolve não prejudicar o ambiente à volta, composto pelo solo, pela água e pelos seres vivos daquele habitat; o cultural diz respeito à valorização da cultura local, tanto alimentar como de costumes de uma maneira geral; o aspecto econômico abarca questões relacionadas à compatibilidade entre padrões de produção e de consumo, valorização de grupos locais e tradicionais; e, por fim, o social envolve o respeito às pessoas, a manutenção da qualidade de vida da população, a equidade na distribuição de renda e a diminuição das diferenças sociais, com participação e organização popular. A sustentabilidade envolve questões relacionadas à manutenção da vida, preocupando-se também com gerações futuras. Significa dizer que vale a pena priorizar alimentos cultivados localmente. Significa também não incluir na base de nossas práticas alimentos produzidos com veneno, que poluem o meio ambiente e impactam negativamente todas as pessoas que se expõem a eles durante o processo produtivo: desde os trabalhadores no campo, até os que bebem água contaminada. Em vez disso, alimentos produzidos por meio da agroecologia, que são sustentáveis em todos os aspectos, deveriam ser priorizados.

Veja mais em: Pequeno dicionário da alimentação saudável. Verbete: Sustentável

E o que a escola tem a ver com isso?

A escola é o elo entre os conhecimentos familiares, comunitários e escolares, oriundos de várias áreas do saber, e permite o desenvolvimento de atitudes e de habilidades necessárias para exercitar a cidadania. Pode ser entendida como um espaço de articulação entre políticas de educação e de saúde, propiciando vivências e reflexões dentro de diversas temáticas como alimentação e cultura, cidadania e fome, violência, sexualidade, sustentabilidade ambiental, entre outras.

A discussão de sustentabilidade na escola deve partir da discussão de práticas adequadas e saudáveis, dentre elas, a alimentação. A alimentação adequada e saudável é reconhecida como a realização de um direito humano básico que envolve a garantia ao acesso permanente e regular, de forma socialmente justa, a uma prática alimentar adequada aos aspectos biológicos e sociais do indivíduo e que deve estar em acordo com as necessidades alimentares especiais; ser referenciada pela cultura alimentar e pelas dimensões de gênero, raça e etnia; acessível do ponto de vista físico e financeiro; harmônica em quantidade e qualidade, atendendo aos princípios da variedade, do equilíbrio, da moderação e do prazer; e baseada em práticas produtivas adequadas e sustentáveis.

Veja mais sobre alimentação adequada e saudável no Guia Alimentar para a População Brasileira.

A escola é considerada um espaço privilegiado para a promoção da saúde, que desempenha papel fundamental na formação cidadã, de valores e de hábitos, entre os quais os alimentares. Trata-se de um processo gradual, que sofre influências sociais, culturais e comportamentais. O ambiente escolar torna-se, assim, propício para o desenvolvimento de estratégias de promoção da alimentação adequada e saudável (PAAS) que envolvam toda a comunidade escolar (professores(as), merendeiros(as), gestores(as), educandos(as), pais/responsáveis, equipes de saúde), buscando o desenvolvimento pleno ou integral do educando e estimulando práticas saudáveis que contribuam para a construção de uma relação saudável do educando com o alimento e com as práticas envolvidas no processo da alimentação.

Nas escolas do meu município/Estado há a discussão sobre os modos de produção dos alimentos, o que temos disponível para consumo e quais os impactos das escolhas alimentares para o meio ambiente?

Vejamos abaixo algumas reflexões que podem ser realizadas no espaço escolar.

In natura X Ultraprocessado

Alimentos in natura ou minimamente processados, em grande variedade e predominantemente de origem vegetal, são a base para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável. Já os alimentos ultraprocessados devem ser evitados, pois devido a seus ingredientes – como biscoitos recheados, salgadinhos “de pacote”, refrigerantes e macarrão “instantâneo” – são nutricionalmente desbalanceados. Por conta de sua formulação e apresentação, tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos in natura ou minimamente processados. As formas de produção, distribuição, comercialização e consumo afetam de modo desfavorável a cultura, a vida social e o meio ambiente.

Veja os vídeos da série do Ministério da Saúde: 

A)      Alimentação In natura - Minimamente processados
https://www.youtube.com/watch?v=MjViJUczbM8&list=PLaS1ddLFkyk-ObbBv4eWkHIhc5B49a9Sw&index=3

B)      Alimentos Ultraprocessados

Assista também o Programa da HBO “Greg News” e divirta-se um pouco com essa reflexão sobre os alimentos ultraprocessados: GREG NEWS com Gregório Duvivier | ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS https://www.youtube.com/watch?v=CuJjffgXFHM 

Na perspectiva da sustentabilidade, a reflexão sobre este tema deve incluir a problematização de questões referentes, por exemplo, como os alimentos são produzidos (trabalho infantil ou ilegal; uso de agrotóxicos, antibióticos, hormônios; contaminação de rios e do solo; entre outros), distribuídos e consumidos (desigualdade no acesso; perdas; geração de lixo; desperdício) no modelo de sistema alimentar hoje predominante no Brasil e no mundo. Um exemplo da interação entre atividades e resultados e de sua relação com a sustentabilidade pode ser observado em nosso cotidiano: porque deixamos de comprar determinados alimentos tradicionais, eles foram, aos poucos, deixando de ser cultivados e comercializados, gerando menos sementes nativas. Estas, por sua vez, vêm sendo substituídas por outras produzidas industrialmente. Este processo não valoriza a diversidade de espécies e empobrece a oferta de alimentos.

Vídeo do FNDE “2ª Jornada de EAN – Comida de verdade na escola” 



Manifesto Comida de verdade – CONSEA 

Segundo pesquisas do IBGE, a alimentação do brasileiro vem acompanhando a tendência mundial de mudança nas práticas alimentares, ou seja, a diminuição do consumo de alimentos básicos e tradicionais – no caso do Brasil, arroz, feijão e farinha de mandioca – e o aumento do consumo de alimentos processados e ultraprocessados – como biscoitos, refrigerantes embutidos e refeições prontas. Como consequência, os indicadores demonstram crescimento acelerado do excesso de peso na população brasileira, nas três últimas décadas, em todas as faixas etárias, revelando que quase seis em cada dez adultos, um em cada cinco adolescentes e uma em cada três crianças de 5 a 9 anos apresentam excesso de peso. Vale dizer, ainda, que o aumento da obesidade não é influenciado apenas pelo hábito individual, mas também por características dos ambientes alimentares em que as pessoas estão inseridas (bairro, escola, local de trabalho etc.), isto é, pelo “conjunto dos meios físico, econômico, político e sociocultural, oportunidades e condições que influenciam as escolhas alimentares e o estado nutricional das pessoas”.



Obesidade, desnutrição, mudanças climáticas: três faces de uma mesma questão

Agricultura familiar/ Agroecologia

O que difere agroecologia, orgânico e agroecologia?
Segundo Maria Emilia Pacheco a agroecologia é uma ciência, um movimento social e também suas práticas. Ela possui dimensões tecnológicas, sociais, políticas e econômicas. Além de não usar venenos, vai além: realiza o manejo sustentável, valoriza as sementes tradicionais e cultiva alimentos em harmonia com a natureza e a cultura local. Já sobre a produção orgânica é a que não faz uso de agrotóxicos, porém não necessariamente engloba a diversidade, um princípio chave da agroecologia. A agricultura familiar é o sujeito dessa história.  É por meio dela que já se desenvolve a agroecologia ou se está buscando uma transição do modelo de agricultura tradicional para um alternativo.

Assista a entrevista de Maria Emilia Pacheco para o Canal Futura - Agroecologia e o fornecimento de alimentos     



O Programa Nacional de Alimentação Escolar determina que no mínimo 30% do valor repassado a estados, municípios e Distrito Federal pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) deve ser utilizado na compra de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e as comunidades quilombolas.

Vídeo do FNDE “Jornada EAN 2019 – Tema 2: Sustentabilidade na Alimentação Escolar” 


A aquisição de gêneros da agricultura familiar é uma forma potente de fortalecer a economia local e promover o consumo de alimentos que fazem parte da cultura regional!

Assista ao vídeo “Comida que alimenta!” 


Todo o ambiente alimentar tem que ter coerência com a temática da sustentabilidade!

O cardápio é uma ferramenta primordial de Educação Alimentar e Nutricional e deve levar em consideração a produção local, a sazonalidade e conter alimentos variados, frescos e que respeitem a cultura regional, ser baseado em alimentos in natura e minimamente processados com uso dos ingredientes culinários para a elaboração das preparações culinárias e evitando, ao máximo, os alimentos ultraprocessados!

Além disso, o tipo de alimento incluído na alimentação pode ter um impacto diferente nas condições climáticas, hídricas e ecológicas no meio ambiente.

Pensando nisso, foi lançado pela Faculdade de Saúde Pública da USP o livro “Pegadas dos alimentos e das preparações culinárias consumidos no Brasil”. O livro relata que no contexto da alimentação, pode-se estudar o impacto ambiental por unidade de massa do alimento in natura ou preparado: litros de água por grama de tomate ou litros de água por grama de molho de tomate. Sendo assim, eles analisaram a produção dos alimentos de acordo com a pegada de carbono, que mede a quantidade total das emissões de gases de efeito estufa no ciclo de produção; a pegada  hídrica, que mede a quantidade total de água utilizada direta ou indiretamente durante as fases do ciclo de vida e; a pegada ecológica que  avalia de forma combinada os impactos antropogênicos que normalmente são avaliados separadamente (emissão de carbono, mudança no uso da terra, consumo de biodiversidade etc.) e pode ser aplicada em diferentes escalas, desde produtos até cidades ou países.


Veja o material no link a seguir 

Consumo x Consumismo

A humanidade já consome 30% mais recursos naturais do que a capacidade de renovação da Terra. Se os padrões de consumo e produção mantiverem-se no atual patamar, em menos de 50 anos serão necessários dois planetas Terra para atender às nossas necessidades de água, energia e alimentos. Não é preciso dizer que esta situação certamente ameaçará a vida no planeta, inclusive da própria humanidade.
Uma das maneiras de se mudar isso é a partir das escolhas de consumo. Todo consumo causa impacto (positivo ou negativo) na economia, nas relações sociais, na natureza e em você mesmo. Ao ter consciência desses impactos na hora de escolher o que comprar, de quem comprar e definir a maneira de usar e como descartar o que não serve mais, o consumidor pode maximizar os impactos positivos e minimizar os negativos, desta forma contribuindo com seu poder de escolha para construir um mundo melhor. Isso é consumo consciente. Em poucas palavras, é um consumo com consciência de seu impacto e voltado à sustentabilidade.

As nossas escolhas interferem diretamente no planeta!

Assista ao Vídeo Residual do Ministério da Cultura


Traga essa discussão para o ambiente escolar com alunxs, responsáveis, professorxs, merendeirxs e diretorxs!

Em breve disponibilizaremos aqui no blog uma lista de materiais de apoio a serem trabalhados com a comunidade escolar!


quinta-feira, 10 de outubro de 2019

REANE participa do Encontro Técnico de Nutricionistas do FNDE – Região Nordeste


A REANE marcou presença no Encontro Técnico Regional de Nutricionistas do Programa Nacional de Alimentação Escolar 2019 – Região Nordeste. O evento, organizado pelo FNDE, aconteceu nos dias 8 e 9 de outubro, em Salvador/BA.

A nutricionista de apoio técnico, Silvia Cristina Farias, esteve na mesa sobre “Alimentação Escolar na Educação Infantil”, falando sobre desenvolvimento infantil e alimentação, formação do comportamento alimentar, diagnóstico nutricional e cardápio e Educação Alimentar e Nutricional. A fala foi baseada nas discussões dos materiais para Promoção da Alimentação Adequada e Saudável no âmbito do Programa Saúde na Escola do Núcleo de Alimentação e Nutrição em Políticas Públicas – NUCANE/UERJ em parceria com o Ministério da Saúde. Veja todos os materiais clicando aqui.

No segundo dia, foram realizadas quatro turmas da Oficina de Cardápios para a Educação Infantil à luz das recomendações dos Doze Passos da nova edição do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos (versão preliminar, disponível para consulta pública).

Em breve a nova edição do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 anos, do Ministério da Saúde será lançada. A elaboração do material contou com a coordenação geral do NUCANE/UERJ e com especialistas de diferentes regiões do país.

Fotos das turmas das Oficinas sobre Cardápios para a Educação Infantil.


PS. Infelizmente, na correria final, não foi possível tirar a foto com a última turma.


O NUCANE/UERJ e a REANE agradecem ao FNDE e a todos os participantes do evento pela experiência, troca e diálogo. Esperamos revê-los em breve e nos colocamos à disposição! :)